Mairi Gospel

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Missionário da SEPAL diz que população evangélica no Brasil atingirá 57,4 milhões em 2011

Luis André Bruneto, um dos pesquisadores da SEPAL, Missão Internacional Servindo aos Pastores e Líderes que realiza estudos teológicos, falou ao The Christian Post sobre as projeções da população evangélica para os próximos anos e as possíveis razões que explicam fenômeno do rápido crescimento da população evangélica no Brasil.
De acordo com um estudo realizado pela SEPAL no ano passado, se o Brasil continuar com a média de 7,42% de crescimento no número de conversões ainda este ano chegaremos a 57,4 milhões de evangélicos.
O estudo foi baseado nos dados do Censo do IBGE de 2000 e da pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha em março de 2007, encontrando que em 2020 a população evangélica representará mais de 50% da população brasileira.
“Projetamos uma porcentagem de cerca de 52,2% da população evangélica em 2020, ou seja, aproximadamente 109,3 milhões de evangélicos para uma população de 209,3 milhões,” afirmou Luis.
A projeção baseia-se na taxa de crescimento obtida entre os anos de 1990 e 2000 e na premissa de que a taxa de crescimento dessa religião continue a mesma dos últimos 40 anos. Segundo o missionário a confiabilidade desses dados é de 95%.

Crescimento não é avivamento

O fenômeno do grande crescimento não se trata de avivamento, de acordo com o pesquisador da SEPAL, pois ele acredita que o avivamento se reflete, “na conversão em massa das pessoas, e também em profundas mudanças no pensamento da sociedade, direcionada pela influência dos cristãos redimidos.”
“Se tomarmos essas duas linhas de pensamento, não está acontecendo um avivamento no Brasil,” afirmou Bruneto.
Para ele os motivos desse crescimento não significar avivamento são: “o evangelismo aguerrido dos evangélicos, a adoção de regras menos rígidas, a ampliação da visão da vida cristã para dentro da sociedade, a flexibilidade dos costumes e o aumento da classe média.”

Contradições

O estudo constatou uma menor presença na região Nordeste do Brasil,  para justificar os motivos desse déficit, Luís A. Bruneto dividiu a região em dois grupos. .” O tipo “A,” diz ele, com belas praias, grandes cidades, onde os evangélicos possuem um crescimento abaixo do restante do país, mas aceitável. E o outro, ele chama de tipo “B,” que é o nordeste do sertão, onde os evangélicos raramente passam de 1%.
As três razões para esse índice seja tão baixo estaria relacionado, primeiramente a forte raiz católica romana da população, ampliada pela religiosidade sincrética mística e a segunda se deve à dificuldade de evangelizar as cidades do interior do nordeste. “Boa parte do sertão não possui estradas asfaltadas e os meios de comunicação são precários,” explicou.
A terceira razão é a falta de interesse da Igreja em evangelizar esse povo carente. “Na verdade, a razão para isso é que o retorno financeiro dentro dessa realidade é mínimo, e assim, a missão não consegue se auto sustentar nem mesmo em longo prazo.”
A questão do nominalismo na opinião do pesquisador deve avançar, citando um exemplo em que a cidade mais evangélica do Brasil, Quinze de Novembro (RS), tem cerca de 80,4% de evangélicos e a sua cidade vizinha Alto Alegre, a 20 km de distância, tem apenas 0,28% de evangélicos.
Luis também pergunta, “será que a vida num país de maioria protestante pode mudar?” Segundo ele, a resposta para essa pergunta depende de como a liderança se comportará daqui para frente.
Para ele, o Brasil possui hoje uma liderança “despreparada em sua maioria e a maioria é carente de direção na teologia, eclesiologia e missiologia.”
Ele expressa também algumas preocupações com relação ao crescimento da população evangélica, como por exemplo, crescimento econômico que atrairá líderes materialistas.
“A classe média deve dobrar nos próximos anos isso, “atraindo gente com o “olho gordo” nessa fatia da população, ou seja, líderes materialistas com forte vocação para a teologia da prosperidade.”
Além disso, ele cita que há a “superficialidade da vida do povo brasileiro.”
“Vemos isso presente no meio evangélico brasileiro e deve continuar assim pelos próximos anos, acelerando a dualidade entre ‘vida religiosa’ e ‘vida secular,’ que já existe hoje.”
Luis, mencionou também “o egoísmo e o individualismo presente nesses dias, externando também na vida religiosa.”
“Muito embora, parte do povo evangélico se preocupa com o próximo, uma outra parte, e poderíamos afirmar a maioria, se preocupa apenas com o seu bem-estar.”
Entretanto, ele acredita positivamente na transformação da sociedade brasileira e urge para que haja “uma instituição forte que represente os evangélicos, em sua maioria, “que grite alto pelos interesses pautados na Palavra de Deus.”
Os estudiosos da SEPAL aguardam a divulgação do próximo censo, o de 2010, para obterem condições reais para verificar as estimativas quanto aos evangélicos e a população brasileira.
Eles planejam após isso fazer o mapa evangelístico do país baseado nos novos dados e compará-los com os anteriores.

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