Mairi Gospel

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Átomos individuais podem nunca ter sido vistos

 
[As observações entre colchetes são minhas, bem como os grifos em bold – MB.] Microscópios capazes de fazer imagens de átomos, e até imagens de átomos neutros, não são nenhuma novidade, e podem ser comprados no comércio. O público também já se acostumou com imagens como as do lado, geradas pela varredura dos materiais pelas finíssimas pontas desses microscópios eletrônicos. Mas agora um grupo de cientistas da Espanha e da República Checa afirma que o que se vê nessas imagens não são os átomos - os pontos brilhantes seriam na verdade o espaço entre os átomos, que sequer aparecem na foto. O nascimento da nanotecnologia está intimamente vinculado ao surgimento dos microscópios capazes de gerar imagens em escala atômica. Os chamados microscópios eletrônicos de varredura por tunelamento (STM - Scanning Tunnelling Microscope) foram os primeiros a atingir uma resolução suficiente para detectar os átomos. Ora, se há até microscópios no mercado que prometem fazer imagens de átomos, como se pode agora dizer que o que eles enxergam não são os átomos?

Neste ponto, entra em cena um assunto delicado, daqueles sobre os quais dificilmente se fala em público: a “certeza” sobre as observações científicas. É um assunto sobre o qual a maioria dos cientistas concorda, mas apenas tacitamente - qualquer referência a ele costuma colocar alguns acadêmicos na defensiva, gerando reações muito tenazes.

Dessa forma, é melhor não tocar muito no assunto, que passa ainda mais ao largo das “preocupações” do público, que recebe uma visão mais dogmática do que seria a ciência, suas conclusões, suas provas e suas certezas. Por exemplo, é comum que os cientistas usem termos como “evidências científicas” - coisas que falariam por si sós, independentemente de qualquer interpretação -, ou “comprovação científica”, como algo que encerraria de vez um debate qualquer.

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