Mairi Gospel

terça-feira, 17 de maio de 2011

A cultura da decadência

Quando me perguntam o que acho de As Crônicas de Nárnia, deixando de lado a tremenda capacidade narrativa de C. S. Lewis e sua criatividade invejável, digo que a intenção do autor foi boa, já que ele quis transmitir a mensagem bíblica por meio de parábolas. Ocorre que a aventura e as mitologias entremeadas na história são tão empolgantes e destacadas que acabam por se sobrepor demais à intenção por trás da trama. As crônicas viram puro entretenimento – com batalhas épicas e muita magia – misturado com detalhes preocupantes. O livro é bom, bem escrito, mas biblicamente “diluído”, se posso dizer assim.

E o que dizer do ainda mais conhecido O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien? Lewis deixou de ser ateu e se tornou anglicano em grande parte devido à influência de pessoas como o católico Tolkien, amigo pessoal do professor de Oxford. O romance de Tolkien é bastante maniqueísta, com clara demarcação entre o bem e o mal. Mas, diferentemente do que ocorre em As Crônicas de Nárnia, não há intenção “evangelística” alguma na obra de Tolkien. Trata-se de uma aventura que mistura elementos das mitologias nórdica e germânica, num mundo imaginário (Terra Média) povoado de seres míticos como elfos, hobbits e magos.

O épico do momento é A Guerra dos Tronos, primeiro volume da série As Crônicas de Gelo e Fogo, escrito por George R. R. Martin. Chamou-me a atenção a matéria “Dez razões pelas quais A Guerra dos Tronos é (muito) melhor do que O Senhor dos Anéis”, publicada no site da revista Veja. Pelo tom bombástico do título, pensei: “Deve ser um romance muito, mas muito bem escrito; algo realmente grandioso para ser considerado tão melhor do que a obra de Tolkien.” Então fui conferir as tais dez razões pelas quais Veja considera A Guerra dos Tronos (muito) melhor do que O Senhor dos Anéis.

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