Mairi Gospel

sábado, 14 de maio de 2011

Religião: se não pode vencê-la, estude-a


A ciência surgiu da necessidade do homem de explicar fenômenos naturais por uma perspectiva que buscava ser exata e não mítica. Séculos depois da evolução científica, a humanidade não deixou de lado seus ritos religiosos. Os fatores intrínsecos a essa fé, que é presente em todos os lugares do mundo embora se manifeste de maneiras distintas, têm sido alvo de um projeto chamado “Explaining Religion” (Explicando a Religião), ou EXREL. Psicólogos, biólogos, antropólogos e estudiosos de religião de várias universidades europeias e norte-americanas passaram três anos coletando dados sobre diversos aspectos que envolvem a prática religiosa, e os resultados estão começando a ser publicados. O projeto é considerado o maior estudo científico sobre o assunto e reforça uma tendência crescente de a ciência querer explicar as crenças.

Em seu site oficial, o EXREL diz que busca descobrir os principais elementos comuns a todas as tradições religiosas, bem como os mecanismos cognitivos que dão suporte ao pensamento religioso e ao comportamento humano. O assunto é tão complexo e indefinido que os participantes do estudo consideram o trabalho feito até agora essencialmente uma coletânea de dados sobre os quais foram construídos esquemas interpretativos para serem postos à prova.

Dentro do projeto, por exemplo, a antiga premissa de que o mal é punido e o bem é recompensado, que teria ajudado na evolução de muitas religiões, foi objeto de estudo do pesquisador Nicolas Baumard. Após submeter entrevistados a um experimento, ele percebeu que, no inconsciente, os voluntários acreditam que há algum tipo de destino que vincula eventos e o comportamento dos seres humanos. Em si, a experiência não é suficiente para tirar conclusões seguras, mas, juntamente com outros elementos, pode contribuir para um diagnóstico estabelecido.

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